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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Rádios comunitárias discutem questões jurídicas e legais


Seminário Jurídico, promovido pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço Ceará) com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB Ceará), realizado na última sexta-feira, 18, no Auditório desta Entidade, reuniu comunicadores de rádios, jornais, sites e tvs comunitárias de Fortaleza e interior do Ceará.
 
Diversos comunicadores de veículos de comunicação comunitária e livre aproveitaram a oportunidade para tirar suas dúvidas em relação ao novo decreto, prestes a ser publicado pelo Governo Federal, que dispõe sobre o apoio cultural às rádios comunitárias. De acordo com o advogado Afonso Paulo Albuquerque, presidente da subcomissão de telecomunicações e radiodifusão da Comissão de Direito Administrativa da OAB-CE, o Decreto possui alguns pontos positivos e outros aspectos negativos. “Um dos pontos positivos é que os veículos comunitários poderão divulgar, realizar programas com apoio cultural ou colocar inserções de anúncios durante a programação. O que não é permitido é divulgar anúncios que vinculem o serviço ou produtos a preço e prazo”, afirma.

Afonso Paulo, que também é advogado da Abraço Ceará, atenta para outro ponto. “Logo no início da Lei, está escrito: ‘o Ministério das Comunicações poderá outorgar autorizações para a execução do serviço de radiodifusão comunitária a uma ou mais estações localizadas em um mesmo município, desde que garantidas as condições mínimas de convivência entre elas’. Na prática, segundo Paulo, o texto fala da área de contorno protegido e isso pode ser um problema, porque impede o aumento de potência e alcance das rádios comunitárias. “Mas ao mesmo tempo, permite a inclusão de outras emissoras em um mesmo município. Daí, a importância da alternância de canais e que a Abraço Ceará, já está nessa luta junto às filiadas da Entidade”, esclarece.

O advogado, que já foi subprocurador da Anatel no Ceará, ainda explicou porque a Agência não pode fiscalizar a radiodifusão no Estado. “Apesar de pertencer às telecomunicações, as emissoras de rádios e televisão são tratadas em nossa legislação separadas das primeiras”, disse. Como a Anatel é um órgão fiscalizador das telecomunicações não poderia assim atuar na radiodifusão. Ele ainda completou lembrando que mesmo que pudesse fiscalizar radiodifusão a Anatel não tem o poder de polícia, conforme a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1668.

Para o comunicador Jair Freitas, da Rádio João XXIII, o evento foi importante devido às informações que foram repassadas pelo advogado da Abraço Ceará. “Uma dessas boas informações foi saber que as rádios podem receber apoio cultural de grandes empresas, desde que atuem na área em que a Rádio Comunitária está localizada. Isso foi muito bom pra gente saber”, comemora.

Durante todo o evento, os participantes fizeram diversas perguntas e deram várias sugestões para novas ações da Abraço Ceará. Antes dos esclarecimentos do advogado, o coordenador executivo da Abraço Ceará, Ismar Capistrano, explicou que, além das questões legais, as rádios comunitárias precisam conquistar o reconhecimento social. Para isso, precisam atuar na promoção da cidadania, da informação plural e local e da diversidade cultural. O coordenador de organização e mobilização da Abraço Ceará, Sérgio Lira, que mediou a mesa, defendeu a necessidade de articulação das emissoras para as questões jurídicas, sugerindo um próximo seminário sobre as questões eleitorais em julho.

Informações: Abraço – CE