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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Rádios comunitárias de Mari e João Pessoa fortalecem emissora quilombola


Ramos, diretor da Rádio Araçá
Em tempos de egoísmo exacerbado, pouca solidariedade e procura por vantagens pessoais a todo custo, eis que surge a união entre rádios comunitárias autênticas para gerar outra emissora do povo. Em tempos de capitalismo ultra-selvagem e de desencantamento do mundo, duas entidades abrem mão de bens materiais em favor de outra que se forma. Falamos da Rádio Comunitária Araçá, de Mari, e Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, de João Pessoa, que demonstram o verdadeiro espírito da comunicação comunitária ao celebrar convênio para auxiliar a Rádio Comunitária Mituaçu, zona rural da capital paraibana.

A Rádio Araçá doou um transmissor e a Rádio Zumbi doou antena, cabos coaxiais, gerador de estéreo, microfones e outros equipamentos. O simbolismo dessa cooperação representa muito para os que ainda pensam em um movimento de rádios comunitárias e livres como uma forma de libertação no cotidiano sofrido dos trabalhadores. Os interesses de classe unem três associações de comunicação popular para conter a dominação/alienação da mídia convencional, levando o direito à comunicação para companheiras e companheiros quilombolas.

A participação das rádios nessa operação de auxílio à nova emissora que surge é uma prática salutar e uma atitude histórica. Aponta para a necessidade da união dos companheiros em torno de objetivos comuns. Nossa burguesia deplorável tem suas entidades de classe, sabe administrar sua hegemonia com profissionalismo. Está aí a Aber e outras organizações de rádios comerciais com seu poder de fogo contra as pequenas associações de rádio comunitária. Eles, os da classe dominante, não deixam nem as migalhas caírem da mesa para atender aos pobres, carentes desse direito constitucional. Enquanto isso, as rádios comunitárias, outorgadas ou não, vivem em um isolamento total, cada um por si. Os interesses econômicos da classe burguesa colocam explorados contra explorados e sua ideologia entorpece mentes e corações proletários. Sair desse ciclo significa tomar parte na luta do companheiro.

É isso que leva as rádios Araçá e Zumbi a ajudar a rádio Mituaçu. Afinal de contas, é histórico o desinteresse das rádios comunitárias paraibanas em apoiar o movimento. Exemplo claro é o programa “Alô comunidade”, que trata de nossas lutas comuns. Apesar de estar disponibilizado para todas as emissoras comunitárias, apenas oito delas reproduzem as edições semanais do programa, mesmo sabendo-se da carência de conteúdo na maioria das rádios. Preferem irradiar programas evangélicos caça-níqueis ou modismos alienantes do que divulgar as notícias do movimento de rádios comunitárias. Mesmo sofrendo preconceito e perseguição das rádios comerciais e seus representantes, a maioria das rádios comunitárias implanta modelos que em nada diferem de uma emissora de mercado, na ânsia de ser assimilados pela gente pobre acostumada a consumir o lixo radiofônico tradicional.

Fábio Mozart

(Publicado no blog Mari Fuxico)