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domingo, 15 de junho de 2014

Rádio comunitária e livre fora da ordem estabelecida

Recentemente, enviei para a jornalista Edileide Vilaça um roteiro de programa para sua rádio web Porto do Capim. O programa era a Barata no Ar, proposta meio anarquista de humor e informação, dentro do conceito do que entendemos como comunicação popular, sem ser popularesca.

Nossa Barata está fora da ordem, posto que é um programa fora do eixo da comunicação vigente, autoritária e antipopular, sob o controle do interesse do grande capital, da ordem dominante no país. Compreendo que a rádio comunitária ou rádio livre deve estar fora da ordem em todos os sentidos. Uma rádio fora dos limites da ordem econômica, jurídica política e cultural estabelecida. Sem esse posicionamento, é apenas imitação pobre dos canais dominantes.

Para ser contra a ordem estabelecida, a comunicação tem que ser diferente, inventiva, transgressora. A isso se propõe a Rádio Barata. Caberia numa rádio web feita por um coletivo comunitário? A Rádio barata quer deslegitimizar, negar essa ordem vigente que transforma a comunicação em um instrumento de dominação. Queremos estar incursos no decreto da ditadura militar que manda prender e arrebentar quem fizer rádio livre, legislação autoritária que até hoje está vigente, depois de cinquenta anos do golpe dos fardados a mando do grande capital transnacional.

Não conheço nenhuma rádio comunitária que seja mesmo transgressora, além dos limites técnicos de uma frequência não autorizada. Uma rádio web tem excelente oportunidade de ser uma comunicação realmente popular, porque depende pouquíssimo de recursos que vêm do próprio sistema. Não precisam de anúncios publicitários para sobreviver, por exemplo. Não têm que pedir autorização a ninguém para estar no ar. A produção é básico na comunicação. Quem controla a produção, controla o conteúdo.  Quem detém os meios de produção, impõe seu caráter conservador e autoritário. A pequena rádio comunitária do interior não pode falar do caos no trânsito da cidadezinha desorganizada, por exemplo, porque os comerciantes anunciam na emissora e não gostariam de afastar seus clientes dos pontos comerciais com um necessário ordenamento do trânsito, conforme entendem, dentro de suas estreitas visões de mundo. Isso eu ouvi numa rádio comunitária do interior da Paraíba, acreditem!

Esta é a grande questão na luta pela democratização dos meios de informação: enquanto não democratizarmos a propriedade e a apropriação dos meios de comunicação de massa, não teremos uma ordem democrática da comunicação. Enquanto isso, o grupo dominante impõe seu mundo. 

Fábio Mozart