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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dilma diz defender controle social para setor da comunicação

POR DALMO OLIVEIRA
Rousseff surpreendeu jornalistas da Band ao defender controle social da mídia | Foto: Ichiro Guerra

A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu regulação de todos os setores econômicos brasileiros, inclusive o da comunicação e da mídia. A defesa pública do tema polêmico ocorreu na noite desta terça-feira, 26, durante debate televisivo em canal aberto pelo Grupo Bandeirantes de Rádio e Televisão.




O tema vem sendo explorado pelos grandes monopólios da comunicação empresarial nacional, que acusam o PT de querer censurar a imprensa e tolher o direito à liberdade de expressão. “Defendo a liberdade de expressão e a ampla liberdade de imprensa, mas nós defendemos também que possa haver alguma regulação em todos os setores da economia, incluindo as comunicações”, ressaltou Dilma.

O jornalista Luiz Carlos Azenha, ao analisar o debate, diz que “(…) a presidente Dilma Rousseff se saiu bem sempre que adotou o tom agressivo, apesar da posição desconfortável de ser a vitrine diante de seis adversários”. Para Azenha, os perguntadores escalados pela emissora formaram “(…) uma bancada de jornalistas de direita ou de extrema-direita, jornalistas de oposição que fizeram perguntas ao gosto dos patrões da TV Bandeirantes, ligados ao agronegócio (…)”.

Ainda sobre a questão da regulação da vida pública, Dilma disse que o candidato e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o partido que representa, têm medo da participação popular e do controle social. Ela defendeu a reforma político-eleitoral e afirmou que o plebiscito e os sistemas de referendo popular não são uma invenção “bolivariana”, como quis sugerir o jornalista José Paulo de Andrade. “Acontecem até na Califórnia”, lembro a candidata.

Mesmo tendo sido o alvo preferencial dos demais candidatos, Dilma se saiu bem na maioria das inquisições dirigidas a ela. A petista destacou o programa federal “Mais Médicos”, afirmando que os médicos cubanos foram contratados através de uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um organismo internacional de saúde pública com um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos países das Américas.

Dilma disse que a contratação dos cubanos só ocorreu depois que as grande parte de vagas destinadas aos médicos do Brasil não foram preenchidas. Segundo ela, o programa atende a mais de 50 milhões de brasileiros, atingindo as camadas mais carentes, especialmente nas regiões periféricas das maiores cidades.

Presidenciáveis debateram diversos temas em evento promovido pelo Grupo Bandeirantes | Foto: Marcos Bezerra
Presidenciáveis debateram diversos temas em evento promovido pelo Grupo Bandeirantes | Foto: Marcos Bezerra
Em outro questionamento sobre a relação Brasil-Cuba, Dilma disse que os investimentos naquele país abriram excelentes oportunidades de negócios para empresas genuinamente brasileiras. Ela aproveitou para destacar a participação de seu governo no fomento ao BRICS, criando novo modelo de colaboração financeira mundial entre o Brasil, a Rússia, Índia, a China e África do Sul.

Questionada por Aécio Neves (PSDB) sobre uma alegada desvalorização da Petrobras, Dilma rebateu lembrando aos telespectadores que foi sua gestão que viabilizou a exploração do pré-sal. Ela lembrou que o governo tucano tentou privatizar a estatal e propôs até que a empresa mudasse o nome para “Petrobrax”, segundo Dilma, “para soar bem aos ouvidos dos ingleses”. A presidenta garantiu que na sua próxima gestão vai tornar o Brasil o segundo maior produtor de energia eólica do mundo, investindo pesado em fontes de energia limpas.

Outro bom momento da candidata petista foi quando lembrou à plateia que a Polícia Federal não tinha autonomia no governo do PSDB. Ela também disse que no seu governo não tem “Engavetador Geral da República”. Rousseff defendeu ainda uma nova política de segurança pública, com redefinição das responsabilidades dos entes federados, porque os estados não estariam dando conta do aumento da violência urbana. Dilma se esqueceu de mencionar o programa Juventude Viva, criado em seu governo para combater o genocídio de jovens negros no país.

Dilma Rousseff pretende avançar na regulamentação de áreas de conflitos por terras, de maneira que possam ser atendidos os interesses das populações indígenas e dos médios e pequenos agricultores.

POLÊMICAS

O candidato Levy Fidelix (PRTB) acusou a candidata Marina Silva (PSB) de receber apoio de grandes empresários sonegadores de impostos e dos barões do agronegócio.

Marina, por sua vez, cometeu uma gafe ideológica ao comparar o líder seringalista Chico Mendes, assassinado em 1988, em Xapuri, no Acre, a mando de fazendeiros, com banqueiros e outros membros da “elite brasileira”.

Aécio Neves reafirmou sua posição anti-aborto e não mostrou propostas para saúde pública das mulheres, ao ser questionado pelo candidato do Partido Verde (PV), o médico Eduardo Jorge.

“A legislação é cruel. Ela coloca 800 mil mulheres à própria sorte, procurando clínicas clandestinas e morrendo ou ficando com sequelas”, disse Eduardo Jorge, comentando a posição de Neves.

A candidata Luciana Genro (PSOL) atacou o candidato Pastor Everaldo (PSC), ao afirmar que seu partido e a bancada evangélica no Congresso Nacional agem com homofobia ao boicotar, por exemplo, a distribuição de cartilhas confeccionadas pelo Ministério da Educação sobre a diversidade sexual para os alunos da rede pública.

Noutro momento do debate Genro disse que prefere incluir nos currículos escolares a questão da legalização da maconha do que a teoria do criacionismo defendida pelas religiões de orientação cristã.