O
programa Jornal da Cidade – 2ª edição, ancorado pelos comunicadores Alexandre e
Gildo Gerônimo, transmitido pela Rádio Comunitária Rainha, da cidade de
Itabaiana (PB), será suspenso por tempo indeterminado, por decisão da diretoria
da emissora. A última edição foi ao ar nesta segunda-feira, 10, quando a dupla
se despediu dos ouvintes e recebeu muitas mensagens de solidariedade da
população. Segundo os próprios radialistas, a programação tem a maior audiência
radiofônica na cidade neste horário de 11 às 12:30h, batendo até a rádio
comercial local. “Esses meninos são verdadeiros fenômenos de comunicação, pois
não têm nenhuma experiência nem apuro intelectual, mas falam a linguagem do
povo e dizem aquilo que a comunidade quer ouvir, por isso recebem essa
audiência gigante, anormal para uma pequena emissora comunitária, liderando o
horário nobre”, disse Marconi Lucena, blogueiro da cidade. Para ele, os
radialistas estão sendo vítimas de inveja e sendo retaliados por causa de seus
posicionamentos políticos.
Segundo
se comenta na cidade, os diretores alegam que o programa não tem retorno
financeiro, pois os rapazes não conseguem fechar contratos. “Isso não se
justifica, pois uma rádio comunitária não é pra ter lucros e sim pra servir de
canal para a população se expressar”, declarou Lucena. Para ele, o que está por
trás do afastamento dos radialistas é motivação política, posto que os
comunicadores contrariavam o poder, principalmente na esfera estadual, ainda
conforme a opinião do blogueiro Lucena. “Grupos políticos ligados ao Governo do
Estado devem ter pressionado para tirar do ar as vozes dos meninos, que
incomodavam, conforme boatos circulantes na cidade”, afirmou ele, repetindo que
o programa tinha grande apelo popular. “Era uma espécie de ‘Pânico na TV’,
muito divertido e criativo”, finalizou.
Por outro
lado, o estudante A.A., que não quis ser identificado, criticou o programa e a
própria Rádio Comunitária Rainha. Para ele, os radialistas Alexandre e Gildo
“são dois analfabetos que não sabem falar direito. Para cada dez palavras que
pronunciam, cometem onze erros, e ainda por cima falam mais da vida das pessoas
do que de matérias efetivamente jornalísticas”. Ele disse que não se
surpreendeu com a censura ao programa. “Muita gente que já foi vítima da
maledicência deles já denunciou, e não sei porque aquela rádio já não foi
fechada”, alegou. O estudante também criticou o personalismo da diretoria da
emissora. “Quando se fala nessa rádio, se diz ‘a rádio de Andrade’ e não Rádio
Comunitária Rainha”.
Instado a
opinar sobre o assunto, o jornalista Dalmo Oliveira, do Coletivo de Jornalistas
Novos Rumos e da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares de João Pessoa declarou:
“Quanto ao radiofônico sensacionalista, não posso avaliar porque nunca escutei,
mas, Pânico na TV é um lixo midiático que não deveria inspirar ninguém que
queira fazer rádio ou TV com um mínimo de responsabilidade e seriedade”. Para
ele. “se a rádio fosse realmente comunitária, haveria um conselho capacitado
para avaliar a qualidade e ética dos programas da emissora.”