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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Família domina rádio comunitária no litoral da Paraíba

Leo Carneiro, fundador da rádio de Jacumã, no Conde

No Brasil são sete famílias que dominam os meios de comunicação, a família Marinho da Globo, a Abravanel (Sílvio Santos), do SBT, o Edir Macedo da Record, a família Saad da Band, a Frias da Folha de S. Paulo, a Mesquita do Estadão e a Civita da editora Abril (Veja). Na pequena cidade do Conde, no litoral Sul da Paraíba, a família Carneiro encampa a Rádio Comunitária Jacumã FM – 87,9 MHZ, que opera em nome da Associação Beneficente dos Moradores de Jacumã (ASBENJA). A rádio foi fundada em 2010 por Ariel Carneiro e atualmente é dirigida pelo seu filho, Valdez Carneiro.

A concentração da mídia radiofônica comunitária local em torno de um núcleo familiar ou político distorce o sentido e a filosofia desse tipo de serviço, segundo o jornalista Dioclécio Luz. “A rádio comunitária tem compromisso com a comunidade, e sua atuação deve ser pautada por um conselho comunitário realmente representativo”, afirma ele.

Com base em estudos de casos dessas mídias, constata-se que a dinâmica desses espaços e as lógicas de ação que operam em seu interior têm muito a ver com a forma de funcionamento. Quanto mais concentradas em torno de grupos familiares ou políticos, menos democráticas serão. Em vez de serem arenas sociais de debates públicos, atendendo aos reais interesses da comunidade, transformam-se em meras rádios de entretenimento, sem maiores compromissos com a sociedade, com um tipo de programação consumista e alienante. Na opinião da jornalista Neusa Ribeiro, ‘as rádios comunitárias são instrumentos de democracia que podem contribuir no desenvolvimento das comunidades locais’.

Conforme depoimento do professor Flávio Roberto Gomes de Medeiros, morador da localidade, “a rádio é de propriedade da família Carneiro, não tem reunião, ninguém sabe de nada da vida da emissora, é uma coisa fechada. Quem manda é Valdez e Netinho, filho do ex-vereador Leo Carneiro. A programação é muito ‘amarrada’. Tinha um programa de muita audiência, com Gilson Alves e Portugal Fernandes, mas foi tirado do ar, provavelmente por questões de interesses políticos”, disse Medeiros.