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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Brasil inicia entrega de rádios aos estrangeiros, com repressão às emissoras nacionais

Rádio Comunitária em Viamão - RS

Mal renunciou o presidente da ANATEL, a rede GLOBO iniciou a limpeza moralizadora do espectro eletromagnético. Somente um ingênuo ou cretino para não perceber que a pretensão é a entrega do espectro ao conglomerado dos banqueiros internacionais. Estes, donos do satélite, controlam as telefônicas associadas à indústria global de entretenimento. Para os banqueiros, a nova ordem é limpar o espectro de todas frequências que impedem a expansão de seus negócios. Pouco importa que sejam rádios comerciais, estatais, publicas ou comunitárias. Aliás, as comunitárias são o alvo principal, pois, mesmo sendo de políticos, pastores ou dos patronos da comunidade, formam uma grande malha de emissoras que se firmaram como as "rádios oficiais” dos pequenos municípios e comunidades isoladas.

No Rio Grande do Sul, a Tupancy FM,  de Arroio do Sal, no litoral norte, é o melhor exemplo do empreendedorismo comunitário, bem como a Itapuã de Viamão, na periferia da capital, é outro ótimo exemplo. Paradoxalmente, só não vão ser expulsas do espectro as ditas "verdadeiras rádios comunitárias” - as emissoras da esquerda bem pensante - pelo fato de que estas não existem no espectro. As razões para tal fracasso deveriam fazer parte da autocritica das esquerdas, mas, o fato, é que estas não existem nas cidades onde atuam os movimentos da reforma urbana e social;  nem nos sindicatos de trabalhadores que capitulam perante o patronato; nem nas universidades sob o tacão dos inquisidores e queimadores de livros suspeitos. Assim, como não existem nos acampamentos e assentamentos do campesinato. Em cada lugar de luta, é vero, existem assessorias de comunicação, mas o direito à comunicação implica em ter - no sentido do direito a comunicação eletrônica -  uma estação de radio.

Quem refresca cu de pato é lagoa e rádio comunitária não é um discurso a seu favor e sim uma emissora que ocupa um lugar no espectro que, por razões de soberania , é um território no espaço que pertence ao povo, assim como pertence ao povo a Amazônia, as águas marítimas e o pré sal. Porem, o movimento pela democratização das comunicações perdeu 16 anos atirando pelas costas nestas emissoras comunitárias em nome da radiodifusão  ideal  com programação ideal - onde a gestão é feita por ativistas ideais, límpidos, insípidos e inodoros.

O governo Lula e Dilma nunca apoiaram nenhuma politica para fomenta-las, pois que apostou tudo no monopólio e na comunicação publica /estatal que, na verdade, nunca passou de 2% de audiência. Mais uma vez, o povo vai pagar a conta do golpe e agora vão calar a voz das pequenas emissoras que, se não são ao gosto das esquerdas, botam a voz do povo no ar pra pedir luz, limpeza de rua e de terreno baldio, vaga em creche e também pra divulgar forró ou bailão, pedir remédio usado ou fazer rifa pra cadeira de rodas. Diante do modo que nos relacionamos com as 3.870 rádios comunitárias do Brasil – o radio difusor das vilas – nunca soube com quem estava falando: se com os democratas da comunicação ou com a ABERT. Serão tempos divertidos pra quem não morrer de fome.


(Publicado no grupo Radcom, no Twitter – Assinado por Luiz Carlos Vergara)